O Ministério das Cidades surgiu em 2001 e desde então força as cidades a pensar o que são e onde querem chegar estabelecendo um novo conceito de gestão. O planejamento das cidades com uma gestão participativa vem impulsionando, aos poucos o Brasil e se refletido em nossa cidade. Para nós, urbanistas, uma grande conquista, porém o mais importante é a consciência política da população para participar como cidadãos.
Fala-se que o regime militar nos deixou uma lacuna enorme e sem consciência política. Na verdade a ditadura teve um efeito devastador e nós podemos senti-lo através da falta de conhecimento e iniciativa do povo.
Lembro-me que o ano passado os alunos do CESMAC foram convidados a participar de uma palestra sobre a ditadura militar, ministrada pelo respeitado advogado e criminalista José Moura Rocha. O resultado: uma platéia que custou a perceber o que aconteceu com o Brasil. Como é possível?
Somos pacíficos demais, falamos pouco e agimos menos ainda. Na verdade, o que temos feito, enquanto cidadãos, para melhorar a nossa cidade e nosso país? Você sabe o que se tem planejado para Maceió daqui a 10, 20 anos?
Se você é uma dessas pessoas que não sabem responder essa última pergunta, está na hora de ter um olhar diferenciado e perceber que o poder público não age, ele, ainda, REAGE!
Faço minha parte. Venho de uma educação totalmente pública: estudei do Jardim infantil ao científico no CEAGB (antigo CEPA), sou graduada pela UFAL e pós graduada da UFBA e entendo que minha maior contribuição é devolver para a sociedade, através do meu trabalho urbano, cada centavo de impostos pagos. É difícil ser urbanista sem ser socialista!
Como Diretora de Planejamento Urbano de nosso município tive e tenho a oportunidade de promover discussões populares através de oficinas de trabalho ou audiências públicas. Erroneamente vinculam essas discussões à “manobra” política ou ficam sem entender o que fazem ali. Para nós técnicos, pensar a cidade vai além do que nossos gestores imaginam.
Atualmente, ressalto um dos projetos mais agradáveis que tenho trabalhado junto com a equipe da SEMPLA: o projeto para a área de lazer para o loteamento Benedito Bentes I. Uma área imensa, densa, que há pelo menos 20 anos clama por melhorias. A sociedade já estava descrente com tantas promessas ao longo de tanto tempo. Conseguimos reunir a Prefeitura Comunitária, as associações, a população de um modo geral e colher os dados necessários, projetar com a equipe técnica do município (Secretarias de Meio Ambiente - SEMPMA, Superintendência de Iluminação Municipal - SIMA, Superintendência de Limpeza Urbana - SLUM, Secretaria de Infra Estrutura - SEMIFRA) e efetivamente desenvolver para a sociedade um projeto urbano participativo com a cara de seus moradores.Levamos nove meses para realizar tudo isto, mas tem valido a pena. Segundo o Ministério das Cidades é dessa forma que é legitimado e aceito. Eu digo mais, é dessa forma que esse projeto será abraçado e mantido. Saber que fez parte da discussão e opinou é um verdadeiro remédio anti vandalismo.
Cada um com sua história e a minha estabelece uma relação muito estreita de interação com a população que vem crescendo a cada dia. E não para por aí. O desenvolvimento do litoral norte acontece com uma velocidade assustadora onde já temos uma demanda de reurbanização das orlas desde o bairro de Cruz das Almas até Ipioca. É nessa oportunidade que os grupos melhores organizados conseguem garantir o que querem e como querem. O que estão esperando? Organizem-se! Vamos fazer a diferença?
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
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Parabéns pela iniciativa. Os artigos estão ótimos.
ResponderExcluirParabens. Tive a oportunidade de conhecer e conviver com Gardenia por um período de alguns meses e pude atestar sua competência, dedicação e simpatia, quando estava a frente do projeto de revitalização do centro de Montes Claros-MG.
ResponderExcluirSucesso, abraços meus e de Lucia.
Jessé Lima
Olá, concordo plenamente que através da participação nas decisões, se tem um importante instrumento anti vandalismo, pois ninguém melhor do que quem vive na área para saber o que necessitam e o que querem, protegendo, dessa forma, cada equipamento e infraestrutura trazida para sua região.
ResponderExcluirA população precisa se apoderar melhor e mais do seu direito de participação no planejamento da sua rua, bairro e cidade.
Um abraço,
Caroline Gonçalves
Muito legal teus textos, parabéns!
ResponderExcluirSobre a questão da consciência política e da participação, acho que muitos de nós cidadãos, estamos viciados em achar que discussão política é apenas para as eleições, ou até mesmo nem sobre isso costumamos conversar.
A participação deve ser mais ativa, pois as decisões políticas influem diretamente em nossas vidas, seja através das leis, dos impostos, da educação ... Tudo isso é regido por nossos governantes.
Esse texto daria um ótimo debate.
abraço
Leônidas Calheiros
Olá Gardênia,
ResponderExcluirótimos textos, viu? Merece publicação em algum jornal. Posso providenciar? Abraços, Wendel Palhares